ARTIGO
CIENTÍFICO
Potencial agroecológico de propriedades agrícolas familiares
do município de São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul
Agroecological potential
of family farms in São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
Eric Weller de Almeida1; Marcelo Tempel Stumpf
2;
Carmem Rejane Pacheco Porto
2;
Ana Silvia Rolon
2; Gracieli Trentin
2
1Discente do curso de Bacharelado em
Agroecologia, Universidade Federal do Rio Grande, São Lourenço do Sul, Rio
Grande do Sul; +555332519450, ericweller80@yahoo.com.br;
2Professor(a) e Doutor(a) na Universidade Federal do Rio Grande, São
Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul, marcelo.stumpf@furg.br;
carmem.porto@furg.br; asrolon@furg.br; gracitrentin@gmail.com.
Recebido: 30/04/2018;
Aprovado: 27/09/2019
Resumo: Com o objetivo de
realizar uma análise crítica sobre a conjuntura do espaço agrário e perceber o
potencial de promoção da agroecologia no município São Lourenço do Sul, Rio
Grande do Sul, foi realizado um estudo através da aplicação de questionário a
72 agricultores familiares em seis dos oito distritos municipais. Houve
predominância na presença de agricultores de ascendência pomerana.
A agricultura se configura como familiar, tanto pelo tamanho das propriedades
quanto pela organização do trabalho, contando com grande participação de
membros da família na produção, na maioria filhos dos proprietários. A maioria
das propriedades foi obtida por herança. O principal cultivo que gera renda, a
partir da percepção dos agricultores, é o fumo, apesar de tal cultivo ocupar
área menor do que as pastagens, milho e soja, respectivamente. Todos os
produtores utilizam insumos químicos na produção, porém, 100% mudariam para um
sistema de produção de bases ecológicas, principalmente em função de sua saúde.
Observa-se que é baixa a percepção dos agricultores sobre os impactos da
produção agropecuária convencional sobre o meio ambiente. São Lourenço do Sul é
um município cujo espaço agrário se configura como uma possível frente de
resistência às tendências de êxodo rural, bem como pode ser um importante polo
para desenvolvimento de políticas de fomento à produção de base agroecológica.
Palavras-chave: Agroecologia; Espaço agrário; Sucessão rural
Abstract: With the aim of
performing a critical analysis of its agrarian characteristics with emphasis in
its agroecological potential in municipal district of
São Lourenço do Sul, Rio
Grande do Sul, a study was performed through the
application of 72 questionnaires to family farmers in six of the eight
municipal districts. Most farmers presented pomeranian ancestry. Agriculture was considered familiar
both due to farms’ sizes and due to family participation, especially farmers’
sons, in rural activities. Most farms were obtained through inheritance. The crop considered the most important to
financial health was tobacco, although such crop occupied smaller areas than
pastures, corn and soy, respectively. All farmers utilize chemical inputs in
production, although all of them were open to a change to a more sustainable
way of farming, specially due to health concerns. Most
farmers do not have the perception that conventional farming can be prejudicial
to the environment. São Lourenço do Sul can be considered as a possible resistance front to
rural exodus and an important center for the development of public policies
aiming the support of a more sustainable agricultural production.
Key words: Agroecology; Agrarian space; Farm sucession
INTRODUÇÃO
Dados do censo agropecuário de 2017 (IBGE, 2017)
apontam que o setor do agronegócio contribuiu com 23% a 24% do Produto Interno
Bruto nacional. Do total do valor bruto da produção agropecuária brasileira, 38%
são atribuídos às atividades envolvendo a produção de bases familiares, o que
denota a importância da mesma na geração de riqueza do país e concorda com Guilhoto et al. (2006), o qual
afirma que a agricultura familiar representa aproximadamente um terço da renda
do setor.
A importância da agricultura familiar não se restringe
tão somente ao aspecto econômico, visto que apresenta impactos iguais ou até
mesmo maiores em muitas outras dimensões: ambiental, social, cultural e
política. Partindo desse princípio, as características inerentemente associadas
à agricultura familiar a coloca como importante elemento na consolidação de uma
produção agrícola que considere o uso racional dos bens e serviços da natureza, bem como uma nova dinâmica das relações sociais,
culturais e econômicas no espaço rural (FINATTO; SALAMONI, 2008). Maior equidade e inclusão
social, aliadas à diversificação na produção e oferta de alimentos colocam a
agricultura familiar como a forma mais plausível de ocupação social no espaço
agrário (MALUF, 2004).
Dentro do escopo supracitado se insere a agroecologia,
a qual, segundo Ehlers (1999), é fundamental para o
fortalecimento e difusão da agricultura familiar. Trata-se de um modelo de
produção agropecuária com enfoque em aspectos que vão além de questões
meramente produtivas, ultrapassando uma visão unidimensional dos agroecossistemas e relacionando-se com valores ecológicos,
sociais, econômicos, culturais, políticos e éticos (CAPORAL; COSTABEBER, 2002).
A transição para modelos agroecológicos de produção,
porém, é um processo mais ou menos longo e que imprime aos agricultores novos
desafios e incertezas, uma vez que exige uma reconfiguração das práticas
agrícolas e do agroecossistema como um todo, na
tentativa de incrementar a biodiversidade e otimizar
os processos ecológicos e serviços advindos dela (KREMEN et al., 2012). Desse
modo, conhecer as características sociais e produtivas de um local, bem como os anseios dos
agricultores é fundamental quando da percepção dos potenciais para a adoção de
técnicas e processos visando a transição agroecológica.
Nesse sentido, para a construção de uma análise
crítica sobre o espaço rural de São Lourenço do Sul, município localizado no
Rio Grande do Sul, identificaram-se características socioeconômicas e produtivas
dos seus agricultores familiares. Ademais, buscou-se, a partir da discussão
sobre aspectos específicos, identificar potencialidades à promoção e transição
para modelos agropecuários agroecológicos.
MATERIAL E
MÉTODOS
O presente estudo foi realizado na área rural do
município de São Lourenço do Sul, localizado na metade Sul do Rio Grande do Sul
(Latitude: 31º21’55’’S; Longitude: 51º58’42’’W; Altitude: 19m – Figura 1), o
qual, segundo o censo IBGE de 2010, conta com expressiva população rural (18.874
habitantes - 43,7% do total). O estudo foi conduzido de agosto de 2015 a março de 2018, sendo realizado um total de 72
entrevistas em 72 propriedades rurais. Dentre os oito Distritos do município
foram contemplados seis: 1º Distrito (Boqueirão), 2º Distrito (Santa Augusta),
3º Distrito (Esperança), 4º Distrito (Harmonia), 6º Distrito (Boa Vista) e 7º
Distrito (Cantagalo). O Distrito Sede e o 5º Distrito não foram contemplados
devido às características de produção agrícola patronais
que apresentam.
Figura 1. Mapa de São Lourenço do
Sul, Rio Grande do Sul, com localização dos oito distritos.
Fonte: Autor (2019)
A área coberta pela pesquisa foi de aproximadamente
800 Km2, o que representa 39,29% da área total do município, a qual
totaliza 2.036 Km2. Para a seleção das propriedades nas quais foram
realizadas as entrevistas foi determinado um ponto de coordenada geográfica
aleatório em cada distrito e por dia de coleta, sendo que a entrevista foi
realizada na propriedade mais próxima dessa coordenada. Sem interferência por
parte dos pesquisadores, o primeiro entrevistado de cada dia foi responsável
pela indicação de dois outros contatos para a realização das entrevistas
subsequentes, os quais deveriam se localizar no mesmo distrito, porém, em
qualquer localidade do mesmo. Realizaram-se, assim, três entrevistas diárias. Essa
metodologia procedeu até a realização das 12 entrevistas por distrito. Quando
um contato indicado por motivo qualquer não foi encontrado, a propriedade seguinte
mais próxima foi escolhida.
Como ferramenta de coleta dos dados foi utilizado um questionário contendo 23 perguntas contemplando
variáveis quantitativas e qualitativas, sendo as mesmas organizadas em blocos
relacionados aos assuntos objeto da pesquisa: Primeiro Bloco - Identificação do
agricultor: delineamento do perfil
do proprietário, do estabelecimento e do agricultor responsável pela
administração das atividades, bem como da família residente na propriedade;
Segundo Bloco - Caracterização da propriedade e da produção e Meio Ambiente: caracterização da propriedade e da
produção agropecuária e levantamento de dados específicos, tais como renda, forma
de aquisição/obtenção das propriedades e percepção da valorização que os
produtores dão ao meio ambiente.
Através do uso do
programa estatístico SAS 9.3 foi feita análise de Fatores Principais através do
procedimento PROC FACTOR, no intuito de obter uma visão multivariada dos dados
e posterior percepção de relações que não podem ser detectadas a partir de
análises univariadas. As variáveis incluídas nessa análise
foram mão de obra (quantidade de trabalhadores na propriedade), renda (bruta
anual), área total da propriedade, área produtiva, porcentagem de área
produtiva, porcentagem de área produtiva com soja, porcentagem de área produtiva
com gado de leite, porcentagem de área com milho e porcentagem de área com
fumo. Para análise e interpretação dos demais dados foram realizadas análises
estatísticas descritivas.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
A área total das
propriedades variou de 2 a 186 ha, apresentando em média 30,91 ha. Quando
somadas, a área das 72 propriedades correspondeu ao valor de 2226 ha. Em apenas cinco das 72 propriedades visitadas a área total
da propriedade excedeu os 64 ha (quatro módulos fiscais), os quais são determinados
no município como limite para o reconhecimento da mesma como agricultura
familiar (GUIHOTO et al., 2016). O tamanho
médio das propriedades vai ao encontro de Pesavento
(1977), o qual afirma que a fase de ocupação do território gaúcho em 1824 por
imigrantes alemães foi baseada em policulturas em propriedades compreendidas
entre 20 ha e 25 ha, ainda que houvesse lotes de até 48 ha.
Mesmo havendo algumas
exceções, grande parte das propriedades (60 das 72) contempladas na pesquisa
apresentaram áreas de até 48 ha. Além
disso, em todos os casos havia predominância da mão de obra da família nas
atividades produtivas, sendo que a
média de trabalhadores familiares foi de 3,02 por propriedade. Em 11 das 72
propriedades estudadas havia mão de obra externa aliada a mão de obra familiar,
com média de 1,45 funcionário externo por propriedade,
todos contratados a partir de acordos informais e em períodos específicos,
especialmente na colheita do fumo.
É possível,
pois, perceber a magnitude da agricultura familiar na região estudada, não
apenas referente à classificação sobre o número de módulos fiscais da
propriedade, conforme estabelecido pela lei nº. 8.629, de 25 de fevereiro de
1993, mas também em relação à estrutura familiar em si. Guilhoto
et al. (2006) confirma esses achados quando destaca a
região Sul como uma das regiões em que a agricultura familiar tem maior
contribuição para o PIB nacional; nesse contexto o Rio Grande do Sul se destaca
como o segundo estado com maior PIB em relação à atividade agrícola nacional e
o único em que a arrecadação da agricultura familiar supera a da agricultura
patronal.
A maioria dos agricultores
apresentou estado civil de casado (77,77%). Solteiros, viúvos e em união
estável compuseram, respectivamente, 5,55%, 4,16% e 4,16%. A soma não
corresponde a 100% pois em alguns casos a propriedade se encontrava em nome de
mais de uma pessoa ou se encontrava em processo de inventário. Em 18
estabelecimentos rurais o proprietário não era também o responsável pelas
atividades desenvolvidas. Os proprietários apresentaram uma média de idade de
54,3 anos, enquanto a média de idade dos responsáveis pelas propriedades foi de
49,8 anos. A média de tempo em que o responsável está administrando a
propriedade foi de 19,09 anos. A escolaridade dos responsáveis apresentou um
grande percentual na faixa do ensino fundamental incompleto (67,12%), seguido
do ensino médio completo (13,69%), ensino fundamental completo (12,32%), ensino
médio incompleto (4,10%) e ensino superior incompleto (2,73%). Em 77,77% das propriedades
havia ao menos um filho residente, esse com média de idade de 19,87 anos;
dentre esses, 37,5% possuíam ensino médio completo, 31,25% fundamental
incompleto, 14,58% médio incompleto, 14,58% fundamental completo e 2% superior
incompleto.
O processo de aquisição
por herança representou ao menos uma parcela da área total em 77,75% das
propriedades estudadas: em 48,61% dos casos toda a área da propriedade foi
adquirida através de herança; 20,83% compraram as áreas de produção; 26,38% são
áreas de herança associadas a áreas compradas; 1,38% é área de herança
associada com áreas arrendadas; 1,38% é área de herança associada com áreas
compradas e arrendadas e 1,38% é área arrendada associada com áreas compradas.
Do ponto de vista de projeções sobre êxodo rural e
processos de sucessão familiar na agricultura, os dados encontrados são
animadores. A idade média dos pais (casados em sua maioria – 77.77%) que estão
administrando a propriedade é próxima dos 50 anos, sendo que os mesmos estão
administrando propriedades cuja aquisição se deu majoritariamente (77,75%)
através de herança e há um tempo médio de 19,09 anos. Além disso,
77,77% dos agricultores possuem ao menos um filho com média de aproximadamente
20 anos ainda residindo na propriedade familiar. É possível, pois, projetar
que, mesmo com o fenômeno do êxodo rural em pleno curso em todas as regiões do
país (ALVES, 2017), a região de São Lourenço do Sul pode representar um
importante polo de resistência e de ações de fomento à agricultura de base
familiar, bem como de combate ao êxodo rural e de incentivo à permanência da
juventude no campo.
Gasson (1973) afirma que padrões mínimos de benefícios
aceitáveis, ou seja, condições mais agradáveis de trabalho são fundamentais
para a permanência do homem/mulher no campo e podem contribuir com a recampesinação, a qual se constitui como uma "luta
social" e um processo de reestruturação no modo de fazer agricultura
(PLOEG, 2016). Com base no exposto, tanto as práticas quanto os movimentos e as
ciências agroecológicas são componentes que podem contribuir de forma positiva
no combate ao êxodo rural dos jovens do campo, os quais já demonstram
consciência ecológica mais expressiva do que os moradores urbanos (CARNEIRO,
2008) e são reconhecidos por Troian & Dal Soglio (2013) como potência de desenvolvimento rural e como
força motriz para a promoção de agroecossistemas mais
diversificados
Nesse sentido, observações de Moura & Ferrari
(2016) apontam que de fato a agroecologia incentivou a busca por autonomia da
juventude rural dentro dos grupos familiares, em contraposição à limitação na
tomada de decisões imposta pelo tradicional modelo patriarcal. Ademais, estimulou
a busca por diversificação nas fontes de renda das propriedades rurais, a qual
foi tratada como estratégias pluriativas por
Wanderley (2013). Assim, imperativo é o incentivo ao empoderamento
do jovem frente à governança da propriedade, permitindo que o mesmo possa expor
suas ideias e anseios em relação a sua participação e contribuição para o agroecossistema no qual está inserido, fortalecendo e/ou
reconstruindo a autonomia familiar
O acesso à educação no campo indicou diferença
significativa entre o grau de escolaridade da geração dos agricultores em
relação à geração de seus filhos, sendo que em 79,44% dos casos os agricultores
(geração dos pais) não avançaram além do ensino fundamental e 13,69% concluíram
o ensino médio, ao passo que apenas 31,25% dos filhos não foram além do ensino
fundamental e 37,5%
concluíram o ensino médio. Essa disparidade deve-se à mudança na oferta de
educação no campo ao longo dos anos, conforme afirmações dos próprios agricultores,
que frequentemente relataram que quando estavam em idade escolar só havia
oferta de estudo até a quarta série.
Em se tratando de escolas de ensino fundamental e/ou
médio, o município conta atualmente com 25 escolas multisseriadas,
6 escolas de ensino fundamental, 1 escola de ensino
fundamental e médio e 1 escola de ensino fundamental, médio e técnico, todas
localizadas na zona rural. Percebe-se, assim, que a necessidade de saída do
jovem do campo para completar sua formação escolar é reduzida, o que acaba por
auxiliar na sua maior inserção e percepção do seu espaço dentro da unidade
familiar, da propriedade e do meio rural como um todo – fatos esses que também auxiliam
no combate ao êxodo rural.
A ascendência das
famílias nas propriedades mostra uma predominância pomerana
(57,53%) e alemã (30,13%), sendo que a soma das famílias de ambas as origens
foi responsável por 87,66% do total; 4,10% identificaram sua origem como brasileira, 4,10% “misturado”, 1,36% espanhola, 1,36%
uruguaia e 1,36% portuguesa.
Em 18 de janeiro de 1858, desembarcaram em São
Lourenço do Sul imigrantes procedentes de Altona,
Hannover, Saxônia, Hamburgo, Holstein, România, Osterfeld, Lübeck e da Pomerânia.
Dessa última região vieram os casais Gotllieb Heling (três filhos), Wilhelm Zíbell
(um filho) e Joahann Zíbell
(cinco filhos), os quais deram origem à comunidade pomerana
inserida nesse núcleo colonial. Posteriormente, foram se agregando novos
contingentes de pomeranos ou de descendentes oriundos
de outras regiões do Brasil (LIMA, 2006). O levantamento quanto à origem das
famílias nas propriedades entrevistadas vem no sentido de corroborar com a
afirmação da ocupação alemã e pomerana na região. A
predominância na origem alemã/pomerana confere à
região estudada um potencial para o estreitamento nos laços entre as famílias
de mesma ascendência, sendo, pois, força motriz para o desenvolvimento de
relações produtivas mais cooperativas, assim como para as trocas de
experiências e difusão de saberes tradicionais
Outro aspecto relevante
foi a grande predominância masculina, tanto em relação à posse do
estabelecimento quanto à apresentação como responsável principal pelas
atividades da propriedade. Apenas cinco mulheres foram identificadas como
proprietárias; em outras cinco propriedades as responsabilidades pelas
atividades eram divididas pelo casal; em uma era compartilhada por todos e em
apenas uma a mulher foi identificada como responsável principal. Em um dos
casos onde uma mulher era a proprietária, a responsabilidade era assumida com
outras duas mulheres. Ademais, em nenhum dos casos observados havia tendência
de sucessão das atividades por filhas e/ou parentes mulheres. Tal fato reflete
a predominância de mulheres jovens nos movimentos migratórios campo-cidade, o
que Froehlich et al. (2011)
chamaram de êxodo rural seletivo e que pode ter como causa a modernização
agrícola, a qual parece diminuir o papel da mulher nas atividades rurais. O reflexo dessa
dinâmica é a masculinização rural concentrada na
população jovem, conforme observado também por Costa et al. (2009). Essa masculinização advinda do êxodo rural seletivo pode ser
contraposta a partir dos ideais feministas da agroecologia, com ênfase no maior
acesso das mulheres aos processos decisórios, recursos produtivos, direito à
renda e autonomia econômica (PACHECO, 2009), de modo a romper com o modelo
patriarcal de agricultura.
Apesar das mulheres não
serem consideradas como responsáveis pelas propriedades na maioria dos casos,
em propriedades gerenciadas por homens não foi identificada diferenciação nas
tarefas produtivas: “todos dividem tudo”, conforme mencionado por mais de um
dos agricultores. Em um caso a esposa do proprietário rural trabalhava
exclusivamente na tarefa de ordenha das vacas; em outro caso isolado a esposa
permanecia somente nas tarefas domésticas. Percebe-se, assim, a valorização e
contribuição fundamental do trabalho das mulheres em boa parte das propriedades
analisadas. Desse modo, a redução no êxodo rural seletivo viria também como uma
estratégia de aumento na oferta de mão de obra aos agroecossistemas,
problema mencionado por muitos dos agricultores.
A área produtiva média,
aquela utilizada para o cultivo de lavouras, pastagens e criação animal, foi de
19,18 ha, totalizando 1381,5 ha e correspondendo a 62,06% da área total
estudada; 37,94% da área estudada não eram agricultadas, englobando zonas de
preservação, açudes, edificações. Dentre as áreas destinadas à produção, houve
uma predominância no uso das áreas agricultadas para cultivo de milho (32,38%
da área total plantada), pastagem, seja ela nativa ou não, para alimentação
animal (28,19% da área), assim como para o cultivo do fumo (18,39% da área) e
soja (12,08% da área). Dos cultivos e criações voltados à
obtenção de renda, 57 agricultores cultivam milho, 48 fumo, 15 soja, 13 batata,
nove verduras diversas, oito feijão, dois silvicultura, dois tomate, um uva, um
flores diversas e um melancia; 27 criam gado de leite, 12 gado de corte, quatro
suínos e um ovinos para lã. Cabe a ressalva de que
esses resultados indicam os produtos cultivados/criados e que são utilizados
para comércio e geração de renda. Em boa parte dos casos (84,72%) a
família realiza cultivos para consumo interno, sendo que a maioria (55
agricultores) produz tanto produtos de origem animal (leite e ovos,
principalmente) quanto vegetal (produtos majoritariamente hortícolas).
A renda média bruta anual
apresentou uma amplitude de R$ 10.000,00 a R$ 350.000,00 sendo, em média, de R$
87.617,19. Dos 72 agricultores, oito produtores não souberam informar sua
renda. Vinte e cinco dos 72 agricultores realizavam algum tipo de controle
financeiro das atividades. A Figura 2 apresenta as produções agropecuárias
consideradas pelos produtores como mais importantes para a saúde financeira das
propriedades.
Figura 2. Cultivos considerados
mais importantes para a saúde financeira das propriedades (%) em São Lourenço
do Sul, Rio Grande do Sul.
A análise de Fatores
Principais (Figura 3) permite perceber algumas relações entre as variáveis
acima mencionadas a partir de uma visão multivariada. Ângulos de 0º e 180º
indicam a presença de forte correlação positiva e negativa entre as variáveis,
respectivamente. Ângulo de 90º indica ausência de correlação entre as variáveis
(SMITH et al., 2002). Não houve correlação entre renda
e área total, assim como entre renda e área produtiva. Isto se ilustra em um
caso em que uma propriedade de 2 ha produtivos
apresentou renda bruta anual idêntica à de uma propriedade de 26 ha produtivos
(R$ 80.000,00). Contudo, vale destacar que apenas 25 das 72 propriedades
realizavam algum tipo de controle financeiro, tornando mais frágeis as
conclusões tomadas quando o fator renda é levado em conta, porém, não as inviabilizando.
Em concordância, Ludtke (2007) também relata a
massiva falta de controle de custos e rendas nas propriedades rurais.
Figura 3. Análise de Fatores
Principais entre renda, quantidade de mão de obra (mão de obra), área total,
área produtiva, porcentagem de área produtiva (% área produtiva), porcentagem
de área com bovinocultura de leite (% leite), porcentagem de área plantada com
milho (% milho), porcentagem de área plantada com fumo (% fumo) e porcentagem
de área plantada com soja (% soja) em São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul.
As constatações acima
apontam uma preocupante característica dos produtores da região, que sem a real
noção dos ganhos e prejuízos de sua produção podem aumentar seus riscos de
vivenciar uma vulnerabilidade financeira. Em um dos casos o agricultor
responsável pelas atividades da propriedade era formado em administração de
empresas e, durante a entrevista, reforçou a importância de se realizar o
controle financeiro adequado para que se possa alcançar uma maior sustentabilidade
financeira, ao passo que a partir do momento em que o produtor tem a
possibilidade de conhecer a fundo os custos, ganhos e perdas de cada cultivo
por safra, o mesmo se encontra mais capacitado para um melhor planejamento da
dinâmica do sistema produtivo, visando um aproveitamento dos recursos disponíveis mais próximo do ideal. Além disso, permite ao
agricultor perceber se o cultivo e/ou criação adotados em sua propriedade são
economicamente viáveis, podendo os mesmos buscar alternativas produtivas mais
condizentes com as características do estabelecimento rural.
Ainda com base na Figura
2, percebe-se correlação positiva entre área produtiva e porcentagem de área
plantada com soja, porém, sem identificar-se correlação entre área plantada com
soja e renda. Esse resultado pode ser devido ao fato de que o cultivo de soja
convencional traz consigo a utilização de insumos externos ao agroecossistema, tais quais adubos solúveis, pesticidas, fungicidas, herbicidas, combustíveis
fósseis. De fato, todos os produtores afirmaram se valer de no mínimo um desses
produtos em sua produção. A falta de
relação entre área de soja e renda encontra embasamento nos dados apresentados
por Porto (2002), os quais desconstroem o pensamento de que uso de insumos
químicos elevam rentabilidade ao demonstrar correlação negativa entre
percentual de uso de insumos modernos (adubos, sementes, agrotóxicos, remédio
animal e ração animal) e valor líquido da exploração das propriedades rurais de
São Lourenço do Sul. Esse impacto do uso de insumos sobre a saúde
financeira da propriedade é de conhecimento de parte dos agricultores, uma vez
que 20% deles afirmaram que substituiriam seu sistema de produção para algum
modelo mais ecológico em função de fatores econômicos. Conforme afirmou um dos
produtores: “adubos e fertilizantes,
isso tudo é custo muito alto. Venenos também são altos. São produtos
caríssimos, por isso a margem de lucro hoje é pouca”.
Para além da questão econômica, inserem-se nesse
contexto os impactos deletérios do pujante avanço nas áreas plantadas com soja
no Brasil (IBGE, 2017) e que envolvem dependência dos agricultores por insumos
externos (SILVA et al., 2010), desigualdade social,
desemprego e êxodo rural (CAMPOS, 2011) e degradação do solo e da
biodiversidade a partir do desmatamento e devastação de biomas (LEHUGER et al.,
2009). Além disso, uma das consequências mais visíveis das pressões promovidas
pelo processo de modernização da agricultura e integração às cadeias
agroalimentares “é o fortalecimento dramático das já existentes manobras
especulativas, conhecidas como squeeze da agricultura:
os preços pagos pelos produtos encontram-se sob pressão
praticamente em todo lugar” (PLOEG, 2008). Há grande dependência dos
agricultores em relação ao domínio das grandes empresas, sendo que os preços
pagos pelos diferentes insumos utilizados no processo produtivo não raras vezes
superam o preço de comercialização dos produtos.
Nesse cenário se apresenta a possibilidade de fomentar
ações agroecológicas dos mais amplos espectros que contribuam para uma produção
agropecuária focada na autonomia do produtor rural, cadeias curtas de
comercialização, promoção da biodiversidade, resiliência, integração
animal-vegetal e uso racional dos bens e serviços da natureza
Similarmente à soja, não se obteve relação entre área
plantada com milho e fumo e incrementos na renda. Apesar disso, o fumo
representa hoje área plantada considerável nas propriedades avaliadas, ficando atrás das áreas destinadas à pastagens e ao milho. Embora não sendo a mais representativa
em área, o cultivo do fumo foi considerado como atividade mais importante do
ponto de vista financeiro em 68,06% dos casos. Isso demonstra o que foi
constatado em campo, onde alguns agricultores relataram que tal cultivo é a
única forma de permanecer no campo. “Se
não fosse o fumo não tinha mais colono em São Lourenço” foi o que afirmou um dos agricultores. Em outro caso, um segundo
agricultor narrou: “É o fumo que traz o dinheiro”. Tais afirmações vão de encontro aos resultados da análise de Fatores
Principais, os quais demonstraram falta de correlação entre área plantada com
fumo e renda. Um fator a ser considerado no que tange esta questão e que merece
reforço é a baixa incidência de propriedades que realizam o controle
financeiro, fragilizando o produtor frente a sistemas produtivos totalmente
dependentes de empresas privadas, tal qual ocorre com o fumo.
A dinâmica estabelecida nos sistemas
produtivos do fumo, assim como citado em relação à produção de soja em sistemas
convencionais, representa significativo impacto negativo ao meio ambiente, à
justiça social, à autonomia e à saúde, visto que é um sistema que em sua
maioria faz intenso uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e práticas de
manejo não conservacionistas (TROIAN, 2014). Ilustrando tal afirmação,
constatou-se que o cultivo do fumo utiliza em média 60 L
de agrotóxicos por hectare plantado por ano; considerando a área plantada, em
2015 se utilizou cerca de 24.383.620,00 L de agrotóxicos em lavouras de fumo no
Brasil (PIGNATI et al., 2017).
A criação de gado e a
produção de milho (que está diretamente associada à produção de ração e silagem
para alimentação animal) foram responsáveis por 60,57% da área produtiva total.
Neste caso, a análise de Fatores Principais evidenciou que houve correlação
negativa entre as áreas de produção leiteira e renda, o que vai ao encontro do
fato de a produção de milho não ser citada em nenhum dos casos como atividade
mais importante financeiramente; a criação de gado foi citada em 13,79% dos
casos. Tais elementos podem indicar certa fragilidade na cadeia produtiva tanto
do leite como da carne na região, assim como levantam indícios de que o manejo
das pastagens e dos rebanhos pode e deve ser melhorado. Nesse sentido, boa
parte dos agricultores relatou não receber assistência técnica para além
daquela fornecida pelas empresas de fumo (dados não apresentados). Contudo,
ainda que possam existir problemas relacionados à comercialização e à renda
proveniente da criação animal, é possível perceber que a mesma tem uma
importante representatividade na vida dos agricultores envolvidos na pesquisa,
uma vez que a maioria dos mesmos se vale dos produtos de origem animal como
fonte alimentar de subsistência.
A mão de obra é um
recurso que merece certa atenção, já que foi a única variável que teve
correlação positiva em relação à renda. Esse resultado pode ser em função de
maior capacidade de mão de obra significar maior força de trabalho e maiores
cuidados em relação à produção, o que acaba por se converter em eficiência
produtiva e renda. Em todas as propriedades visitadas havia mão de obra
familiar envolvida e somente em 11 dos 72 casos havia mão de obra externa. Tal fato
não reflete necessariamente falta de interesse na mão de obra externa à
família, já que não foram raras as vezes em que a
falta de mão de obra disponível na região foi citada como uma dificuldade
enfrentada pelas propriedades (dados não apresentados). Em um dos casos o
agricultor relatou que a mão de obra disponível “é rara, cara e ruim”. Outro
agricultor afirmou que se houvesse mais mão de obra disponível, seria possível
produzir mais e com maior diversidade. A predominância de trabalho da própria
família no estabelecimento rural também foi encontrada por Porto (2002), o qual
utilizou dados do censo agropecuário de 1995/1996 e percebeu que 92,62% da mão
de obra do meio rural residia no próprio
estabelecimento, denotando, pois, que a falta de oferta de mão de obra é um
problema consolidado no meio rural do município.
Sob o ponto de vista da
produção agroecológica, mas não somente nesse caso, a escassez de mão de obra
se torna um desafio, tendo em vista que, quando comparada com a produção
convencional, a mesma requer elevada mão de obra. Mesmo com o conhecimento de
que, a longo prazo, o uso de mão de obra não deva ser
um fator crítico à produção agroecológica (CANUTO, 2011), o desenvolvimento de
tecnologias sociais de baixo custo e voltadas à redução da necessidade da mesma
se tornam uma necessidade imediata para incentivar os agricultores a ingressar
em processos de transição para agricultura de base ecológica, momento esse em
que, segundo o mesmo autor, a necessidade de trabalho é mais elevada (CANUTO,
2011).
Em todas as propriedades
visitadas foi constatada a utilização de um ou mais insumos químicos na
produção: fertilizantes sintéticos, fungicidas, herbicidas, inseticidas. Em 16
delas faz-se o uso de fertilizante orgânico em conjunto com insumos químicos.
Nas propriedades com produção animal, todas se valem de medicação animal
convencional, tanto preventiva quanto curativa. Quando questionados sobre a
motivação para se utilizar tais insumos no sistema produtivo, 42% citaram maior
facilidade, 36% eficiência, 13% citaram lucro e 9% citaram outros motivos.
Alguns produtores citaram mais de um dos motivos acima listados.
Todos os agricultores
mudariam seu sistema de produção para modelos de base ecológica, desde que
proporcionassem ao menos os mesmos resultados produtivos do sistema atual. Os
principais motivos alegados para a aceitação da mudança foram preocupação com
saúde (42%), economia (20%), meio ambiente (17%), outro motivo (10%) e
praticidade (4%). Os números apresentados excedem os 100%, pois alguns
agricultores alegaram mais de um motivo. Com exceção de um agricultor, que não
soube responder à questão, todos os agricultores consideraram a conservação do
meio ambiente como sendo "Importante" ou "Muito importante".
Assim, no que tange a
percepção sobre a importância da conservação do meio ambiente, foi possível
perceber que, quando questionados sobre o assunto, invariavelmente os
agricultores citavam como sendo “Importante” ou “Muito importante” a sua
conservação. De acordo com um agricultor: “Têm gente aí que destrói e isso não
se faz. A gente nunca sabe o que vai ser do futuro. Os nossos avôs e avós
preservaram e eu acho que nós também temos que preservar”. Constatações como
essa contrastam com a forma de produção dos agricultores - em 100% dos casos a
produção é convencional. Esses achados tornam necessária a reflexão sobre o
real entendimento que o agricultor possui sobre o sistema de cultivo em que
trabalha, sobre os efeitos de suas práticas agropecuárias sobre o meio ambiente
e, também, na insatisfação em trabalhar com um sistema produtivo baseado em
práticas das quais não gosta e que sabidamente são prejudiciais à própria
saúde. A confirmação de tais percepções pode ser constatada em relatos, tais
quais: “A gente sabe que o veneno faz mal, mas, se não colocar, não colhe”.
Assim como muitos outros,
depoimentos como: “Antigamente a gente via muitos tipos de pássaros, hoje em
dia a gente passa o dia todo na lavoura para ver um ou dois” indicam que de
certa forma a maioria dos agricultores possui a percepção de que algo está se
alterando no ambiente, mas não necessariamente associa tais alterações com as
suas próprias práticas agropecuárias. Para reforçar esta possibilidade, podemos
citar também que quando perguntados sobre qual seria o motivo para uma possível
mudança do sistema convencional para um sistema de base ecológica, o principal
motivo alegado foi a preservação da saúde, sendo o
meio ambiente apenas o terceiro mais citado. Alguns agricultores, porém, se
mostram mais cientes do impacto da utilização de insumos químicos: “Se pudesse
não usava mais veneno, ele mata a vida do solo. Hoje em dia a gente não vê mais
minhoca”.
Outro aspecto importante
a ser abordado quando se trata da mudança de sistema de produção é a questão de
que todos se colocaram a favor da mudança, desde que ao menos fosse possível se
manter a eficiência e rentabilidade proporcionais ao sistema atual, mesmo que
tal noção de rentabilidade possa estar sendo distorcida pela falta de controle
financeiro.
CONCLUSÕES
A agricultura se mostra
fortemente predominante no município de São Lourenço do Sul e suas
características são de cunho familiar, não somente em relação aos critérios
legais, mas também no que se refere à estrutura da família no campo. A maioria
das propriedades foi obtida via herança, sendo que há predominância de filhos
do sexo masculino na sucessão rural - masculinização
do campo a partir do êxodo rural seletivo - e a perspectiva de ao menos mais
uma geração da família nas propriedades.
A adoção dos princípios
agroecológicos suscita a maior autonomia dos jovens frente ao modelo patriarcal
predominante. A melhor qualidade de vida dos agricultores,
livres das consequências negativas do uso constante de agrotóxicos, devem
reverberar na juventude do campo, a qual opta por permanecer em seu
território e fortalecer os laços sociais já existentes. O êxodo rural seletivo
pode ser evitado a partir dos ideais feministas da agroecologia, uma vez que
buscam elevar o papel da mulher nos processos decisórios da família e do
sistema produtivo.
A predominância de
descendentes pomeranos e alemães no território é
ponto positivo para o estabelecimento de redes de comunicação e troca de
saberes, auxiliando na eficiência da difusão de práticas agroecológicas.
Não houve relação entre
renda e área total e entre renda e área produtiva, sendo que todas as
propriedades adotam sistemas convencionais de produção. Todos os agricultores,
independente do motivo, são a favor de uma mudança para modelos mais ecológicos
de produção. Essa constatação já é suficiente para afirmar a possibilidade de
promoção da agroecologia no município.
A escassez de mão de obra,
de assistência técnica rural capacitada em agroecologia e a percepção dos
agricultores de que a produção de fumo é a única fonte de renda aceitável podem
ser consideradas como os maiores desafios à transição agroecológica no
município.
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