AGROTÓXICOS E DANOS À SAÚDE: REVISÃO DE LITERATURA

Autores

  • Francisca Simone Lopes da Silva Leite UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG)
  • Maria Iasmin Lopes Ramalho UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG)
  • Cynara Rodrigues Carneiro UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG)

Palavras-chave:

Agrotóxicos, Saúde, Vulnerabilidade.

Resumo

INTRODUÇÃO

Agrotóxicos são sintéticos químicos, altamente tóxicos que causam efeitos deletérios a toda a biosfera, inclusive aos seres humanos, provocando seu adoecimento. A exposição do homem ao agrotóxico torna-o propenso a sofrer intoxicações agudas e crônicas, em diferentes circunstâncias e por diversas vias corporais. A suscetibilidade é geral, mas a vulnerabilidade está mais adstrita às pessoas com menor poder aquisitivo, educacional e notoriedade social, sendo por isto, incluídos nos grupos de risco.

OBJETIVO

Este estudo objetiva destacar os efeitos danosos dos agrotóxicos à saúde humana.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, bibliográfica, caráter descritivo com abordagem qualitativa feita através de artigos, sites e regulamentações que discorrem sobre agrotóxicos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Carneiro et al. (2015) destacam a natureza eminentemente tóxica do agrotóxico, daí serem denominados venenos, conforme empregam Carvalho e Rocha (2016). Bochner (2015) relatam que os agroquímicos constituem um dos mais importantes fatores de risco para o meio ambiente e a saúde humana, causando as intoxicações agudas e crônicas. O Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que os agroquímicos respondem por duzentas mil mortes anuais por intoxicação (ONU BRASIL, 2017). A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa a ocorrência de três milhões de intoxicações agudas em todo o planeta (COSTA, 2018). O Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2015) expôs que as intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais comuns e ocorrem principalmente no ambiente laboral, surgindo as seguintes manifestações clínicas: hiperemia e prurido dermatológico e ocular; manifestações gastrintestinais como êmese, diarreias, cólicas; problemas respiratórios, convulsões e óbito. Nas exposições crônicas há uma abrangência maior de acometidos, pois se dá através de concentrações mais baixas dos produtos em diversos locais do ambiente e também nos alimentos. Já as intoxicações crônicas como infertilidade, impotência sexual, abortamentos, distúrbios congênitos, neurológicos, endócrinos, imunológicas, neoplásicas (INCA, 2015). Os efeitos atribuídos à exposição crônica aos agrotóxicos podem surgir em longo prazo e guardam íntima relação com menores concentrações destes produtos, que em contínuo contato acarreta em graves problemas de saúde LONDRES (2011). Carneiro et al. (2015) referem que o contato se dá através dos acessos digestivo, respiratório e cutâneo em diferentes circunstâncias, acometendo trabalhadores, que lidam diretamente com estes produtos, como também os consumidores dos alimentos contaminados. Apesar da abrangência da exposição, destacam-se os grupos de risco: além dos agricultores, os consortes e outros integrantes familiares; crianças que transitam pelos roçados pulverizados (FERREIRA, 2015); produtores rurais e consumidores (TEIXEIRA, 2014); as mulheres que lavam as roupas dos aplicadores dos agrotóxicos; trabalhadores dos setores agrícola e pecuarista; funcionários das unidades de combate aos vetores e das firmas dedetizadoras, pessoas envolvidas na fabricação, no translado e na venda são (ALMEIDA et al. 2015); populações circunvizinhas aos campos monocultores e pessoas que consomem a água dos arredores (PIGNATI, 2016). O Ministério da Saúde destaca os trabalhadores, crianças, gestantes, lactentes, idosos e pessoas com problemas de saúde (BRASIL, 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constata-se que a vulnerabilidade aos agrotóxicos é geral; sendo as intoxicações agudas mais adstritas às exposições laborais ou à altas concentrações num curto espaço de tempo e as intoxicações crônicas, sendo mais gerais, tanto acometendo a classe trabalhadora quanto à toda população, que se expõe continua e perenemente às doses mais baixas destes tóxicos. Desta feita, importante destacar que tanto a comunidade científica mundial quanto as organizações de saúde percebem os riscos e não questionam os danos que a exposição isolada ou contínua aos agroquímicos pode provocar à saúde humana. Não bastassem todos os riscos, os danos se tornam maiores porque geralmente as pessoas mais vulneráveis não dispõem de condições para reunir provas e responsabilizar os culpados pelas despesas com a terapêutica. Assim tornam-se vítimas de um sistema que não podem combater, nem tampouco se opor, permanecendo até que os riscos se transformem em danos à saúde.

Referências

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Publicado

2020-02-19

Como Citar

Lopes da Silva Leite, F. S., Lopes Ramalho, M. I., & Carneiro, C. R. (2020). AGROTÓXICOS E DANOS À SAÚDE: REVISÃO DE LITERATURA. Caderno Verde De Agroecologia E Desenvolvimento Sustentável, 9(3). Recuperado de https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/CVADS/article/view/6794

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