Dos Homens-Caranguejos aos Homens-Gabirus: sempre se morreu de fome no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.18378/rbfh.v14i2.11440Palavras-chave:
Fome, Justiça fiscal, Desigualdade, Austeridade, Políticas públicasResumo
Este artigo investiga as causas estruturais da fome no Brasil a partir da perspectiva da justiça fiscal, propondo que a insegurança alimentar grave é resultado de decisões políticas e econômicas deliberadas — em especial, da adoção de políticas de austeridade fiscal. O estudo se caracteriza como uma pesquisa qualitativa, exploratória e bibliográfica, com base em revisão teórica e análise documental de dados produzidos por instituições como o IBGE, FAO e Rede PENSSAN. A discussão percorre a historicidade da desigualdade social brasileira, a trajetória das políticas públicas de segurança alimentar e a seletividade do financiamento público. Conclui-se que a fome, longe de ser um fenômeno natural ou inevitável, é uma manifestação política da exclusão social, e sua superação depende do reconhecimento do orçamento fiscal como instrumento de justiça social. O combate à fome deve ser política de Estado, com investimentos contínuos, protegidos de oscilações ideológicas e conjunturais.
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