O Controle Judicial da Política Climática: a atuação do Supremo Tribunal Federal na ADPF 708

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18378/rbfh.v14i2.11477

Palavras-chave:

Supremo Tribunal Federal; Fundo Clima; Controle Judicial; Constituição Federal; Proteção Climática.

Resumo

O presente artigo analisa a atuação do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 708, com foco nos fundamentos constitucionais que legitimam o controle judicial da política climática no Brasil. O estudo parte do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, previsto no art. 225 da Constituição da República e consagrado como direito fundamental, cujo conteúdo impõe obrigações jurídicas ao Estado, inclusive em matéria de proteção climática. No julgamento analisado, o STF reconheceu a omissão da União na operacionalização do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e determinou medidas para assegurar seu funcionamento contínuo, vedando o contingenciamento de seus recursos. A Corte fundamentou sua decisão no direito fundamental ao meio ambiente, nos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e na perspectiva da separação dos poderes. A pesquisa adota abordagem qualitativa, método dedutivo e pesquisa bibliográfica e documental, com base na Constituição Federal, na jurisprudência do STF e na doutrina especializada. Os resultados do trabalho indicam que o controle judicial, quando fundado em parâmetros constitucionais e exercido com observância aos princípios da subsidiariedade e autocontenção, configura instrumento legítimo e necessário à efetividade da proteção climática. Conclui-se que a atuação da Suprema Corte no julgamento da ADPF 708 representa um importante precedente para a consolidação da jurisdição constitucional ambiental, ao impor limites à discricionariedade administrativa e reafirmar o papel do Judiciário na efetivação da proteção climática.

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Publicado

2025-06-27

Como Citar

Cruz Neto, J. L. da, & Alcantara, R. W. de S. (2025). O Controle Judicial da Política Climática: a atuação do Supremo Tribunal Federal na ADPF 708. Revista Brasileira De Filosofia E História, 14(2), 1131–1137. https://doi.org/10.18378/rbfh.v14i2.11477