A VIOLAÇÃO DE DIREITOS NA ASSISTÊNCIA AS PERDAS GESTACIONAIS: REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Autores

  • Deyse Janiele Bernardo Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Beatriz Azevedo de Almeida Santos Faculdade Pernambucana de Saúde
  • Auzenir de Oliveira Abrantes Monteiro Universidade Federal de Campina Grande
  • José Cândido da Silva Nóbrega Universidade Federal de Campina Grande
  • Kelly Bezerra de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Hellita do Nascimento Fernandes Universidade Federal de Campina Grande
  • Annelyse Esequiel de Lucena Neves Universidade Federal de Campina Grande

Palavras-chave:

Violência obstétrica, Perda gestacional, Humanização da assistência.

Resumo

A perda gestacional é um evento que ocorre com certa frequência nos serviços obstétricos e segue sendo um desafio aos profissionais de saúde ligados à assistência materno-infantil, uma vez que a equipe não sente-se completamente segura e preparada para lidar com situações de luto e sentimentos advindos da perda (AOYAMA et al., 2018).

Dito isto, considerando o despreparo e a insegurança dos profissionais de saúde no manejo aos cuidados prestados às mulheres e seus familiares em situação de perda gestacional, estes acabam por gerar lacunas na assistência ou reproduzir práticas obsoletas e desrespeitosas (AMTHAUER et al., 2012).

No contexto da maternidade, práticas que caminham em desencontro com a humanização do parto e nascimento ou, ainda, violam os direitos da mulher em seu ciclo gravídico puerperal ou processo reprodutivo são caracterizadas como violência obstétrica.

A violência obstétrica é um fenômeno multifacetado, compreendido como todo ato ou omissão praticado por profissionais de saúde às mulheres no processo de pré-parto, parto ou puerpério. Dito isto, esse tipo de violência pode se manifestar de diferentes formas, sendo as mais comuns, a violência física, psicológica, institucional, sexual e etc., gerando uma série de consequência à saúde física e emocional das mulheres (DINIZ et al., 2015).

Desse modo, o presente estudo objetiva analisar a relação da violência obstétrica com situações de perdas gestacionais, buscando compreender como esse fenômeno se apresenta para mulheres que estão vivenciando o luto pela perda de seu bebê, visando contribuir para a humanização da assistência e a garantia dos direitos da mulher.

Para tal, o estudo amparou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, onde através da pesquisa em diversos estudos, foram selecionados àqueles que abordavam a temática em questão. Ainda, foram utilizados os seguintes descritores: Violência obstétrica, Perda gestacional, Humanização da assistência, através da busca nas bases de dados à seguir: Scienific Eletronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e o Google Acadêmico. Adotou-se como critério de inclusão todos os trabalhos completos e produzidos no período de anos entre 2010 a 2018. Como critério de exclusão, encontram-se os estudos que fugissem da temática e fossem produzidos antes de 2010.

Referências

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Publicado

2019-02-24

Como Citar

Oliveira, D. J. B. ., Santos, B. A. de A. ., Monteiro, A. de O. A. ., Nóbrega, J. C. da S. ., Oliveira, K. B. de ., Fernandes, H. do N. ., & Neves, A. E. de L. . (2019). A VIOLAÇÃO DE DIREITOS NA ASSISTÊNCIA AS PERDAS GESTACIONAIS: REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA. Caderno Verde De Agroecologia E Desenvolvimento Sustentável, 9(3). Recuperado de https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/CVADS/article/view/9202

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